FOMO, JOMO e o novo alfabeto da ansiedade digital
Decifrando os sentimentos por trás dos nossos hábitos online.
Anteriormente no Curto Circuito : Anunciado! Tribeca Lisboa 2025 traz estrelas e experiências de outro mundo.
Você já sentiu aquele incômodo ao ver stories de alguém se divertindo enquanto você está de pantufas assistindo à reprise de “Chaves”? Parabéns, você é humano. E provavelmente está sendo alfabetizado emocionalmente pela internet com siglas como FOMO, JOMO, FOJI e outras que parecem mais bandas indie do que estados mentais. Mas o que elas realmente dizem sobre a gente — e o nosso tempo?
FOMO: Fear Of Missing Out
O clássico. O medo de estar perdendo algo melhor, mais legal, mais incrível do que a sua realidade atual. É o combustível dos stories infinitos, dos eventos “imperdíveis” e da sensação constante de que sua vida está sempre 5 likes atrás da felicidade alheia.
Mas FOMO não é só uma piada de grupo do WhatsApp — ele tem impacto real na saúde. Em um estudo com 1.157 universitários, 72% relataram checar o telefone durante a madrugada com medo de “perder algo” (Lippincott, 2024). E não para por aí: uma revisão sistemática revelou que o FOMO está associado a menor duração do sono, pior qualidade e maior sonolência diurna entre jovens adultos (Academic OUP). Outro estudo com graduandos de medicina encontrou relação direta entre altos níveis de FOMO e sintomas de ansiedade, depressão e uso excessivo de smartphone (PubMed).
Conclusão: se você já perdeu o sono por causa de um story alheio, saiba que não está sozinho — e talvez seja hora de rever as notificações.
JOMO: Joy Of Missing Out
A resposta zen ao caos: a alegria de não estar em lugar nenhum. É quando você silencia o grupo do WhatsApp e sente paz. Quando recusa um convite e comemora com uma taça de vinho e uma playlist de lo-fi.
Esse termo ganhou força como contracultura ao FOMO, e vem sendo estudado como uma estratégia real de bem-estar. Uma revisão recente sobre “digital detox” mostrou que até 40% dos participantes relataram sensação de “alegria em não participar” após apenas duas semanas longe das redes (PMC, 2024). E segundo a psicóloga citada pela Forbes, o segredo está em redefinir prioridades sociais e estabelecer rotinas de micro-desconexão, como não mexer no celular antes de dormir ou manter janelas livres de notificações durante o dia.
FOJI: Fear Of Joining In
Sim, também tem medo de participar. É o pânico de se expor, de dar opinião, de postar e depois se arrepender. Em um mundo hiperconectado, o medo do julgamento se digitalizou e virou paralisia social travestida de “timidez”.
De acordo com o guia clínico da Verywell Mind, o FOJI se relaciona com baixa autoeficácia social e o medo de não receber retorno nas redes. Já relatos em comunidades online (Reddit, r/socialanxiety) mostram jovens que evitam comentar em posts por ansiedade de julgamento ou medo de serem “cancelados” por algo mal interpretado.
O FOJI é o anti-influencer: ele quer passar despercebido no feed.
O Dicionário do Desconforto Digital
Cada uma dessas siglas parece um sintoma de um mesmo vírus: a ansiedade digital. Segundo uma meta-análise publicada em 2024, o uso passivo das redes tem impacto negativo pequeno a moderado sobre a autoestima, enquanto usos mais reflexivos podem ser positivos (Liebert Publishing). No Brasil, 52% das pessoas já apontam a saúde mental como a maior preocupação de bem-estar desde 2023, segundo o Ipsos Global Health Service Monitor.
Ou seja, estamos todos tentando dar conta de viver e postar — ou de desaparecer sem culpa.
Tanta sigla, pouco tempo
No meio desse emaranhado de siglas, vale lembrar: às vezes, o melhor lugar para estar é exatamente onde você está. E se for com uma boa newsletter na mão (ou na tela), melhor ainda. 😉
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eu tinha lido esse texto ontem, com pressa. li hoje novamente, degustando... e me preocupando, levemente. o sonho é viver de JOMO; micro-desconectar.
Excelente abordagem.